Uvas emblemáticas, melhores que na origem
Fonte: http://www.viticultura.org.br
As uvas emblemáticas são cepas que normalmente tiveram origem em uma determinada localidade e se adaptaram facilmente, obtendo melhores resultados em outros locais. Várias uvas de origem européia se desenvolveram perfeitamente em áreas do chamado Novo Mundo e se tornaram emblema ecológico dos países onde se adaptaram. Podemos destacar as uvas emblemáticas: da Argentina, a Malbec; no Chile, aCarmenère; na Austrália, a Syrah; no Uruguai, a Tannat; nos Estados Unidos, aZinfandel; África do Sul, a Pinotage; na Nova Zelândia, a Sauvignon Blanc; na Espanha, a Tempranillo e no Brasil, a Merlot.
A palavra “emblemática” simboliza na viticultura a ligação criada entre a localidade e sua cepa de melhor adaptação, remetendo a uma representação da localidade por sua uva emblemática ou vice-versa. O uso do termo possibilita a criação de uma identidade única, favorecendo a construção de um status ou peculiaridade que seja interessante para o mercado de vinhos. Brancas ou tintas, as uvas emblemáticas apresentam alguns pontos comuns, muito embora tenhamos uma grande variedade de sabores e aromas nessas cepas distribuídas pelo globo terrestre.
Confira as principais características de cada cepa:
Malbec (Argentina) - A Malbec é uma uva tinta originária da França, mas é com ela que os argentinos produzem seus melhores e mais requintados vinhos. Na região de Mendonza, centro da indústria de vinhos da Argentina, é a Malbec a uva mais importante. Não se sabe ao certo porque essa uva foi mais bem sucedida ali do que em Bordeaux, no entanto os vinhos Malbec de Mendonza têm estrutura e densidade raramente encontradas nos vinhos de Bordeaux. O vinho da Malbec é de coloração rubi intensa, paladar tânico quando jovem, aveludando mais tarde. Vinho próprio para o envelhecimento. Dica: Alfredo Roca malbec.
Carmenère (Chile) - A Carmenère é procedente da região de Bordeaux, na França, onde é também conhecida como Grande Vidure. Os vinhos produzidos com a Carmenère possuem a fama de possuir personalidade única. No começo do século XIX a cepa foi levada para o Chile e cultivada por um longo tempo como Merlot. Em 1994 o equívoco foi desfeito, o que proporcionou a colheita adequada da Carmenère, de maturação mais tardia que a Merlot. Em pouco tempo passou a ser a marca registrada do Chile. A Carmenère produz um tinto de cor rubi profunda, com aromas de framboesa e morango, eucalipto, café, especiarias e pimenta, bastante encorpado. Harmoniza com carnes vermelhas e massas “alla arrabiata”. Dica: Santa Carolina reserva de Família.
Syrah (Austrália) - A Syrah (ou Shirar) é uma uva tinta originária do Vale do Rhône, França. É proveniente do cruzamento natural entre as variedades Mondeuse Blanche e Dureza. Seu cacho é de tamanho pequeno e médio, e as bagas são pequenas. Produz vinhos de coloração intensa, bem encorpados e aromáticos que na boca evocam frutas vermelhas, como amoras. Dica: Queulat syrah.
Tannat (Uruguai) - Também procedente da França, a uva Tannat é considerada potente e normalmente agrada ao amante de vinhos secos. A Tannat origina um tinto concentrado, de frutado profundo - cassis, framboesa, ameixa - rico em especiarias e em nuances carameladas. Se a uva for colhida madura, o Tannat estacionado em carvalho e envelhecido em garrafa se torna aveludado, macio e agradável. Dica: Salton classic tannat.
Zinfandel (Califórnia/EUA) - A Zinfandel é de origem italiana, mas atualmente é conhecida como a rainha da Califórnia. Possui um caráter versátil, podendo originar vinhos de três tipos distintos. Os vindos de Napa e Sonoma são considerados os melhores, vinhos tintos intensos, com nuances frutados e aromas amadeirados, de baunilha, coco ou tabaco. Tais atributos se harmonizam com pratos de sabor pleno como carnes vermelhas ou guisados. Os vindos de outras áreas californianas podem ser frutados e suculentos, são mais baratos e de menor expressão internacional, no entanto, possuem grande aceitação local. A terceira variedade originada da Zinfandel é um rosé produzido em várias vinícolas. É pouco apropriado para a mesa, mas comumente usado em eventos ao ar livre, servido bem frio.
Pinotage (África do Sul) - A Pinotage é um cruzamento único e popular da África do Sul de Cinsalut com Pinot Noir. Pode resultar num vinho muito frutado (banana, frutas vermelhas) e capaz de envelhecer bem em barris de carvalho. Podemos encontrar exemplares com bom custo benefício no Brasil. Dica: Two Oceans pinotage.
Sauvignon Blanc (Nova Zelândia) - Procedente da França e mesmo ocupando o segundo lugar em termo de acres plantados, é a Sauvignon Blanc a uva de maior destaque na Nova Zelândia. Produz vinhos explosivos e tensos, que evocam um espectro de verdes: limões frescos, ervas silvestres, chá verde, melão verde... Possui sabores nítidos de ervas que podem ser vigorosas e refrescantes.
Tempranillo (Portugal) - Casta de origem na Península Ibérica, chama-se assim porque amadurece cedo, “temprano” quer dizer cedo em espanhol. Esse varietal adaptou-se em Portugal na região do Douro, onde chama-se Tinta Roriz e no Alentejo como a saudosa Aragonês, que dá origem a vinhos potentes e estruturados.
Merlot (Brasil) – De origem bordolesa, com fantástico êxito na região do Pomerol, essa emblemática variedade muito destacou-se no Brasil, no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves. O terroir desta região oferece boas condições para o desenvolvimento desta casta. O resultado pode ser encontrado em rótulos como Salton classic merlot e Miolo reserva merlot.
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